O que é hipossalivação??
- Dra Thaiany
- 22 de fev. de 2016
- 6 min de leitura
Antes de começar a falar sobre a desordem é necessário que você, meu leitor, entenda o que pra que serve, quem a produz, qual a composição da saliva. Portanto, continue e lendo e adquira mais conhecimento sobre o assunto!
A saliva é o líquido claro, ligeiramente ácido, secretada, principalmente, pelas glândulas maiores: parótida, submandibular e sublingual. Mas as glândulas menores, estimadas em 400 a 500 unidades, também, secretam a saliva. Aproximadamente, 0,5 litros de saliva por dia são secretas em resposta à estimulação do sistema nervoso autônomo simpático e parassimpático.
De acordo com Corvo e colaboradores (2014), a saliva é composta por água (mais de 99%), e menos de 1% é representado por elementos sólidos, na maior parte proteínas e sais. Os componentes inorgânicos são íons bicarbonato, cálcio e fosfato. Por sua vez, a composição orgânica é representada por uma série de proteínas.

Acessado em 10 de fevereiro de 2016. Disponível em < http://dailynewsdig.com/human-body-facts/>
A saliva apresenta muitas funções principais para o nosso organismo e, principalmente, para o tecido e mucosa bucal. Segue a baixo a tabela das funções salivares e de seus componentes:
Reparação tecidual:Cicatrização da mucosa bucal, gástrica e da orofaringe.
Proteção: Lubrificação da boca, orofaringe e esôfago. Lavagem. Impermeabilização e formação de película.
Tamponamento: Manutenção do pH 6,8. Neutralização de acidez.
Digestão: Formação do bolo alimentar. Digestão do amido, proteínas e lipídeos.
Gustação: Maturação dos botões gustativos.
Ação antimicrobiana: Anticorpos, atividade antiviral e antifúngica, antagonismo bacteriano.
Integridade do dente: Maturação do esmalte. Proteção contra desmineralização. Remineralização.
Sistema de defesa antioxidante: Evita a formação de radicais livres, elimina os existentes e repara os danos.
A hipossalivação – redução do fluxo salivar- é um distúrbio bastante comum, atinge 20% da população. Alguns episódios curtos de hipossalivação, durante a vida, é caracterizado por estresse psicológico. Além disso, indivíduos que apresentam diabetes mellitus, hipotireoidismos e baixo consumo de água também podem provocar essa desordem eletrolítica. Existem outras causas, como: processos infecciosos e anti-inflamatório, condições autoimunes, radioterapia de cabeça e pescoço, uso de medicamentos, síndrome de Sjogren e causas idiopáticas.
Como por exemplo, pacientes que apresentam doenças cardiovasculares geralmente usam vários medicamentos. Os mais frequentes são os betabloqueadores, os inibidores da enzima conversora da angiotensina II (IECA) e os diuréticos, os quais estão associados à redução da secreção salivar. Anti-hipertensivos, também, são muitas vezes relatados como responsáveis pela secura da boca. (ARAÚJO, 2013)
A população idosa é bastante afetada pelo o distúrbio uma vez que faz uso de medicamentos diversos. A queixa principal seria o desconforto bucal e sistêmico.
De acordo com Falcão e colaboradores (2013), o diagnóstico de hipossalivação é um desafio na prática clínica. Afirma-se que os profissionais da área de saúde não adotaram a prática devido o desconhecimento da existência dos processos. Porém a avaliação seriada do fluxo salivar é importante para o correto diagnóstico e para o prognóstico do tratamento. Uma dificuldade encontrada seria a confusão coma xerostomia não acompanhada pela diminuição do fluxo salivar. Uma vez que, xerostomia seria a condição de sensação e boca seca. Dessa maneira, a saliva reflete, também, o consumo de água pelo organismo, pois sua ausência reflete em boca seca.
A baixa taxa de fluxo salivar associada com alta taxa de viscosidade pode ser considerado fator que predispõe o aparecimento da cárie, formação de cálculo dental e conseguintemente uma doença periodontal. Além disso, verifica-se que a hipossalivação severa está associada por infecções fúngicas oportunistas, mucosite, disfagia (dificuldade na deglutição), queimação na língua, redução do paladar e halitose.
Os métodos para avaliação do fluxo salivar podem ser com estímulos ou sem. As técnicas sem estimulação, são: sucção, em que saliva formada no assoalho é aspirada e acumulada em um recipiente graduado; absorção, mede-se o peso do rolo de gaze antes e depois de determinado tempo na cavidade bucal, pouco confiável; drenagem passiva em que cuspe a saliva para um recipiente graduado. Os métodos com estímulos são variados, podendo ser: mecânico, mastigando parafina, silicone ou goma de mascar pesado introduzido na boca por um tempo e, posteriormente, pesado posteriormente, não muito confiável; gustatória com aplicação de ácido cítrico nas bordas laterais da língua e depois a mensuração da quantidade salivar. (FALCÃO, 2013)
Para saber se há alguma alteração é necessário saber a taxa de fluxo salivar total (ml/min): com estímulo, normal > 1,0, baixa 0,7-1,0 e extra baixa <0,7; e sem estímulo, normal > 0,25, baixa 0,1-0,25, extra baixa <0,1. (FALCÃO, 2013)
Para o autor Leal e colaboradores (2013) o método mais eficaz seria a expectoração salivar, descrito a seguir:
Saliva em repouso - pede-se que deglutisse a saliva presente na boca e não realizar nenhum movimento da língua e/ou tragar a saliva por um minuto. Em seguida, a saliva desse ser expectorada num recipiente, a cada minuto, até completar 5 minutos. Deve ser desconsiderado o conteúdo de espuma formada;
Saliva com estimulo – Mastiga-se uma goma de marcar 70 vezes. Em seguida, 2 minutos de saliva foram descartadas e os outros 3 minutos foram coletados, totalizando 5 minutos do procedimento.
A leitura do fluxo salivar foi efetuada uma hora depois da coleta pelo pesquisador, a fim de evitar a interferência de bolhas de saliva. Posteriormente, foi calculada a taxa de fluxo salivar em mL/min. Sendo considerada hipossalivação taxas de fluxo salivar não estimulada < 0,1 mL/min e estimulada ≤ 0,7 mL/min.
Para a mensuração da capacidade tampão da saliva é necessário um equipamento, como pHmetro de bolso PHTEK®, para poder saber o pH da saliva. O procedimento deve seguir o protocolo: coletar 1ml da saliva total expectorada, homogeneizar a 3ml de HCl 0,005N, em um Baker. A solução deve ser agitada por um período de 20 segundos, deixando o frasco aberto por 5 minutos para eliminar o gás carbônico produzido na mistura. Imediatamente, mensurar o pH da solução com o mesmo aparelho descrito acima, sendo determinada a capacidade tampão baixa (pH ≤ 4,0), a intermediária (pH 4,5–5,5) e a alta (pH ≥ 6,0)20.
Para a realização da medição, de qualquer método, deve ser instruído a não fumar, comer, beber ou realizar quaisquer procedimentos de higiene bucal nas duas horas que antecedem as medições. Além disso, deverá tomar 300 mL de água duas horas antes das coletas de saliva para se evitar que a variabilidade na hidratação do organismo possa afetar os resultados. (FALCÃO, 2013)
Quando um indivíduo é exposto a situação estressante, os sistemas neuroendócrinos são ativados e secretam substâncias como adrenalina e cortisol, promovendo reações fisiológicas em resposta ao estresse. A saliva é usada como um ótimo meio para o diagnóstico de outras doenças ou condições, pois serve para avaliar a quantidade de cortisol na composição da saliva. (CAMPOS, 2014)
A partir de tudo, o mais importante é que você aprenda a valorizar a saliva. Ao penceber algum sinal de mudança entre em contato com um profissional capacitado e busque orientação e tratamentos adequados.
Gostaria muito que vocês deixassem, aqui em baixo, comentários sobre a pesquisa e o assunto. Trocar informações é de bastante interesse do meu blog, além de promover o conhecimento.
Muito obrigada pela atenção. E se quiser saber mais sobre o assunto vai lá no meu canal no Youtube que irei realizar o teste salivar e ensinarei o passo a passo.
bjus bjus
REFERÊNCIAS
FALCÃO, Denise Pinheiro et al. Sialometria: aspectos de interesse clínico. Rev bras reumatol.; 53(6) :525–531, 2013. Acessado em 10 de fevereiro de 2016. Disponível em <http://www.scielo.br/pdf/rbr/v53n6/v53n6a11.pdf>
CORVO, Marco Antonio dos Anjos et al. Salivary transforming growth factor alpha in patients with Sjögren’s syndrome and reflux laryngitis. Braz J Otorhinolaryngol;80(6):462-469, 2014. Acessado em 10 de fevereiro de 2016. Disponível em < http://www.scielo.br/pdf/bjorl/v80n6/pt_1808-8694-bjorl-80-06-0462.pdf>
CAMPOS, Juliana Faria; DAVID, Helena M. S. Leal; Análise de cortisol salivar como biomarcador de estresse ocupacional em trabalhadores de enfermagem. Rev enferm UERJ, Rio de Janeiro, 2014 jul/ago; 22(4):447-53. Acessado em 10 de fevereiro de 2016. Disponível em < http://www.facenf.uerj.br/v22n4/v22n4a02.pdf>
ARAÚJO, Roberto Paulo Correia et al. Fluxo e Capacidade de Tamponamento Salivar em Pacientes com Doenças Cardiovasculares. Pesq Bras Odontoped Clin Integr, João Pessoa, 13(1):77-81, jan./mar., 2013. Acessado em 10 de fevereiro de 2016. Disponível em < file:///C:/Users/Thaiany/OneDrive/BLOG-YOU-INSTA/ideias/1769-5481-1-PB.pdf>
LEAL, Amanda de Oliveira et al. Estudo dos parâmetros salivares de gestantes. Odontol. Clín.-Cient., Recife, 12 (1)39-42, jan./mar., 2013. Acessado em 10 de fevereiro de 2016. Disponível em < http://revodonto.bvsalud.org/pdf/occ/v12n1/a09v12n1.pdf>
CABRERA, Marcos Aparecido Serria et al. Fluxo salivar e uso de drogas psicoativas em idosos. Rev Assoc Med Bras 2007; 53(2): 178-81. Acessado em 10 de fevereiro de 2016. Disponível em < http://www.scielo.br/pdf/ramb/v53n2/26.pdf>
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